Aula de recuperação


AULA DE RECUPERAÇÃO

Ele tinha tudo pra não estar ali. Aliás, ele nem deveria estar ali! Como aluno aplicado, já havia passado direto em todas as matérias. Então, pela lógica, deveria estar curtindo uma praia, navegando na internet, jogando bola ou fazendo qualquer outra coisa, menos aquilo.

Fiquei surpresa, quando vi aquele garoto na aula de recuperação, pois sabia que ele não havia ficado na minha matéria. Mais surpresa ainda eu fiquei, quando vi exatamente o que ele tinha ido fazer ali: ajudar uma amiga.

E, durante todas as explicações, ele sussurrava algo no ouvido dela, certamente explicando do seu jeito e de forma mais simples o que eu estava dizendo. Depois me fazia perguntas e olhava pra amiga, satisfeito, como que confirmando a resposta prevista.


Eu fiquei ali encantada com aquela atitude. Em mais de 20 anos de magistério, nunca havia presenciado tal situação.

Como é fácil teorizar sobre o amor e sobre a amizade, mas como é extremamente mais significativo mostrar, na prática, o que é amar e o que é ser amigo!

Hoje em dia, ninguém mais se coloca no lugar do outro.

Ninguém mais desacelera, para esperar aquele que tem outro ritmo. Ninguém deixa de curtir as férias, para “pajear” um amigo que ficou em recuperação. Ninguém estende mais a mão.

O mais comum é ver as pessoas comemorarem o fracasso das outras, afinal, é “um concorrente a menos”. O que a gente mais vê é a mentira, a dissimulação, a puxada de tapete, a furada de olho como métodos infalíveis em prol do próprio “sucesso”. E que sucesso, heim?

Então, em meio a esse caos afetivo, eu me prostro, agradecida a Deus, por constatar que Seu amor ainda tem eco no coração desses meus adolescentes.

Naquela cansativa manhã de aulas de recuperação, esse garoto me ensinou, mesmo sem querer e sem saber, que a vitória, se não for compartilhada, não tem graça nenhuma.

"Em todo o tempo ama o amigo e para a hora da angústia nasce o irmão". (Provérbios 17: 17)

Lídia Vasconcelos


AULA DE RECUPERAÇÃO

Ele tinha tudo pra não estar ali. Aliás, ele nem deveria estar ali! Como aluno aplicado, já havia passado direto em todas as matérias. Então, pela lógica, deveria estar curtindo uma praia, navegando na internet, jogando bola ou fazendo qualquer outra coisa, menos aquilo.

Fiquei surpresa, quando vi aquele garoto na aula de recuperação, pois sabia que ele não havia ficado na minha matéria. Mais surpresa ainda eu fiquei, quando vi exatamente o que ele tinha ido fazer ali: ajudar uma amiga.

E, durante todas as explicações, ele sussurrava algo no ouvido dela, certamente explicando do seu jeito e de forma mais simples o que eu estava dizendo. Depois me fazia perguntas e olhava pra amiga, satisfeito, como que confirmando a resposta prevista.


Eu fiquei ali encantada com aquela atitude. Em mais de 20 anos de magistério, nunca havia presenciado tal situação.

Como é fácil teorizar sobre o amor e sobre a amizade, mas como é extremamente mais significativo mostrar, na prática, o que é amar e o que é ser amigo!

Hoje em dia, ninguém mais se coloca no lugar do outro.

Ninguém mais desacelera, para esperar aquele que tem outro ritmo. Ninguém deixa de curtir as férias, para “pajear” um amigo que ficou em recuperação. Ninguém estende mais a mão.

O mais comum é ver as pessoas comemorarem o fracasso das outras, afinal, é “um concorrente a menos”. O que a gente mais vê é a mentira, a dissimulação, a puxada de tapete, a furada de olho como métodos infalíveis em prol do próprio “sucesso”. E que sucesso, heim?

Então, em meio a esse caos afetivo, eu me prostro, agradecida a Deus, por constatar que Seu amor ainda tem eco no coração desses meus adolescentes.

Naquela cansativa manhã de aulas de recuperação, esse garoto me ensinou, mesmo sem querer e sem saber, que a vitória, se não for compartilhada, não tem graça nenhuma.

"Em todo o tempo ama o amigo e para a hora da angústia nasce o irmão". (Provérbios 17: 17)

Lídia Vasconcelos

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